Prólogo
Prefácio – Um militante sóbrio
Introdução — Quarenta anos esta tarde
PRIMEIRA PARTE
HISTÓRIA E FUNDAMENTOS DOS DISCURSOS NA ÁREA DA SAÚDE
I. O corte hipocrático.
II. Medicina e método científico.
III. A psiquiatria clássica.
IV. A última flor da medicina.
V. No tempo das grandes escolas.
VI. A psiquiatria do DSM.
VII. A rede de serviços da saúde mental.
VIII. Sobre os discursos.
SEGUNDA PARTE
QUESTÕES CRUCIAIS DA CLÍNICA PSICANALÍTICA
IX. As estruturas clínicas no primeiro ensino de Lacan.
X. As estruturas clínicas no último ensino de Lacan.
XI. O tratamento psicanalítico do psicótico: princípios.
XII. O tratamento psicanalítico do psicótico: estratégias.
XIII. Tratamento psicanalítico do psicótico associado a tratamento
psiquiátrico: questões políticas e éticas.
XIV. Leitura psicanalítica da ação do psicofármaco.
XV. A toxicomania como um modo de gozo.
XVI. A clínica da toxicomania é uma clínica do supereu.
DISTRIBUIÇÃO:
(PSICANÁLISE E PSIQUIATRIA: APROXIMAÇÕES)
XVI. A clínica da toxicomania é uma clínica do supereu
Uma vez caracterizada a toxicomania como um modo de gozo, torna-se possível o passo seguinte: definir a clínica da toxicomania como, fundamentalmente, uma clínica do supereu.
O supereu é considerado por muitos autores como o conceito mais clínico da psicanálise; por seu intermédio se manifesta a clínica das pulsões de morte [1].
Lacan, certa feita, comentou: “O supereu é a única coisa da qual eu nunca tratei”. [2] O que requer, de quem se aproxima do tema, um esforço de sistematização.
É preciso, de início, reconhecer duas vertentes do supereu: como lei simbólica e como lei insensata. Em outras palavras, um supereu paterno e um supereu materno.
O supereu paterno é o herdeiro do complexo de Édipo. É a parte do eu que exerce de maneira duradoura a função de lei interditora. Lei do pai que dita a proibição do incesto e que, para Lacan, não implica apenas o Não te deitarás com tua mãe, dirigido à criança, mas, também, um Não reintegrarás teu produto, endereçado à mãe.
Assim sendo, o que a lei interditora visa é a satisfação impensável do desejo incestuoso da criança, ou seja, o gozo absoluto. O desejo prossegue incessantemente em busca da satisfação incestuosa, ainda que ela seja proibida. A lei, portanto, ao barrar o gozo puro, abre caminho para o desejo. Desejo e gozo são antinômicos e, a rigor, só se pode falar em desejo quando está inscrita a castração, ou a lei simbólica; mais do que isso, Lacan chega a concluir que o desejo e a lei é a mesma coisa [3].
O supereu paterno, por conseguinte, faz limite ao gozo, abre espaço para o desejo e é função coordenada ao Nome-do-Pai.
No que se refere à clínica da toxicomania, mais importante é o supereu como lei insensata, ou supereu materno. Sua origem está no texto freudiano, embora seja noção desenvolvida no ensino de Lacan.
As origens do supereu, em Freud
O texto decisivo é “O mal-estar na civilização”, em que Freud considera o supereu a principal conquista da civilização, quando se trata de obter a renúncia às pulsões —sacrifício que ela exige para sobreviver. A origem do supereu se faz em vários tempos.
Num primeiro momento, a renúncia pulsional se faz frente a uma autoridade externa; Outro que ameaça com perda de amor e castigo.
Num segundo tempo, a autoridade do Outro é interiorizada, constituindo o supereu e organizando a renúncia pulsional desde dentro.
Num terceiro tempo, o paradoxo crucial: cada renúncia pulsional, em vez de aplacar, aumenta a severidade do supereu [4]. O supereu exige renúncia pulsional e esta, por sua vez, engorda o supereu. É o que Lacan em “Televisão”chama de “a gula do supereu”. Da agressividade que o sujeito retorna contra si mesmo provém, portanto, o que se chama de energia do supereu.
Miller comenta que renúncia pulsional não é renúncia ao gozo. Se não há renúncia, o sujeito goza; se há renúncia, o sujeito goza de renunciar. Ou goza desde o isso, ou goza desde o supereu. Por isso, também em “Televisão”, Lacan diz que “O sujeito é feliz”. E em “Mais, ainda” afirma: “O supereu é o imperativo do gozo –Goza!”. Exortação de gozo absoluto, puro. Imperativo que equivale a uma interdição, pois se trata de um gozo impossível. Vê-se, por conseguinte, que enquanto o supereu paterno é uma função coordenada ao desejo, o supereu materno é uma função coordenada ao gozo [5].
As origens do supereu, em Lacan
Enquanto que o supereu paterno constitui instância essencialmente simbólica, o supereu materno, para Lacan, tem sua origem relacionada a uma forclusão.
Com efeito, no “Seminário 5”, apresenta uma questão: “A ideia da neurose sem Édipo é correlata do conjunto das perguntas formuladas sobre o que se denominou de supereu materno. No momento em que foi levantada a questão da neurose sem Édipo, Freud já havia formulado que o supereu era de origem paterna. Houve então quem se interrogasse: será que o supereu é mesmo unicamente de origem paterna? Não haverá na neurose, por trás do supereu paterno, um supereu materno ainda mais exigente, mais opressivo, mais devastador, mais insistente?” [6].
E no “Seminário 4” pode-se ler: “A crise edipiana do pequeno Hans não atinge, falando propriamente, a formação de um supereu típico, quer dizer, um supereu tal como se produz segundo o mecanismo indicado no que ensinamos aqui sobre a Verwerfung, a saber, aquilo que é rejeitado no simbólico reaparece no real” [7].
Outra citação decisiva:“A identificação narcísica deixa o sujeito, numa beatitude desmedida, mais exposto do que nunca a essa figura obscena e feroz que a análise chama de Supereu, e que convém compreender como a hiância aberta no imaginário por toda rejeição (Verwerfung) dos mandamentos da fala” [8].
Em resumo: o supereu como efeito da forclusão da lei simbólica; a figura feroz e obscena como resultado da hipertrofia do imaginário; e a beatitude como um dos nomes do gozo do Outro. O sentido da fala interditora se perde, prevalecendo o som da vociferação parental. Domicílio sonoro que se converte na sede do supereu tirânico. Supereu que é o objeto a enquanto voz e, algumas vezes, enquanto olhar. Também aqui se pode dizer que é uma lei. É a lei como significante unário, S1, significante legiferador. Lei insensata, muito próxima ao desejo caprichoso da mãe, do desejo sem lei da mãe, antes de ser metaforizado e dominado pelo Nome-do-Pai [9].
Para Miller, o problema levantado pela existência ou não do supereu feminino nada mais é do que uma máscara da questão essencial do gozo feminino. Deveria escrever-se assim: o supereu, feminino. Se não se encontra o supereu feminino é, precisamente, porque ele está diante dos olhos, no estilo da carta roubada; salta à vista e não se dá conta de sua presença.
É possível, portanto, fazer uma aproximação de noções como desejo da mãe como função sem freio simbólico, supereu feminino, gozo feminino. Ainda que se possa caracterizar o gozo feminino como não freado pelo falo, deve-se lembrar que as mulheres não estão privadas do gozo fálico e que elas experimentam, por conseguinte, um bi-gozo. E pode-se concluir que a exortação de gozo absoluto existe também na neurose, o supereu situando-se exatamente na conjunção do real com o simbólico [10].
Usuários de drogas e toxicômanos
No mundo inteiro, a maior parte do uso de drogas acontece dentro dos limites de uma utilização recreacional. O que, em outras palavras, quer dizer que nem todo usuário de drogas é um toxicômano. Pelo contrário, só uma pequena minoria.
Que pequena minoria é esta, a dos toxicômanos?
A questão é complexa, envolve vários determinantes. Serão considerados aqueles que, do ponto de vista psicanalítico, são os mais importantes.
Para a psicanálise, o que predispõe à toxicomania é a estrutura do sujeito.
Na toxicomania, há uma ruptura com o Outro e com o gozo fálico. De que maneira a estrutura do sujeito contribuiria para esse acontecimento? Duas possibilidades principais serão examinadas.
A primeira é quando se tem uma estrutura psicótica, seja uma psicose ordinária ou uma psicose desencadeada.
Na neurose, há inscrição do Nome-do-Pai no Outro e, pela metáfora paterna, a constituição do significante fálico. Ou, dito em outros termos, com a castração introduz-se o gozo fálico.
Na psicose, o Nome-do-Pai está forcluido e, consequentemente, não se efetiva a metáfora paterna.
NEUROSE: P → ᶲ
PSICOSE: P0 → ᶲ 0
Ora, se na psicose o Outro não está castrado e se o significante fálico não se constitui, está aí o terreno próprio para a invasão do gozo sem limites da toxicomania. Na psicose (na psicose ordinária e principalmente na psicose desencadeada), portanto, a carência da função paterna predispõe à toxicomania.
Uma segunda possibilidade estrutural do sujeito favorece a introdução na toxicomania. Trata-se do neurótico com a função paterna fragilizada. Algo comum na civilização contemporânea, época de declínio do pai, época do Outro que não existe.
Trata-se de ocorrência tão marcante que mereceria nova formulação na notação estrutural. Eric Laurent propõe que a inscrição do Nome-do-Pai com ruptura com o gozo fálico seja escrita como se segue [11].
P com ᶲ 0
Tal combinação escreveria a fragilização da função paterna no mundo de hoje, que em muitos sujeitos constituiria predisposição para o ingresso na toxicomania.
Supereu e gozo do toxicômano
Na maioria dos usuários de drogas não há ruptura com o Outro nem com o gozo fálico. Prevalece a finalidade recreacional e a convivência grupal. O toxicômano, segundo a fórmula lacaniana já citada, é aquele para quem “a droga é o que faz a ruptura do corpo com o pequeno pipi”. Ou seja, condição em que passa a prevalecer o gozo autoerótico, sem limites, mortífero.
Tal gozo corresponde ao da exortação que procede do supereu materno. É importante destacar a característica crucial desse gozo.
Quando sua exigência é atendida, isso não reduz, mas aumenta a voracidade do supereu, num ritmo crescente e inexorável, que pode culminar com a morte. É necessário ter isso em mente quando se lida com esse tipo de situação.
O tratamento do toxicômano é difícil porque a dimensão do desejo está frequentemente elidida, e o império do gozo é um império sem lei. Isso acontece com um sujeito no qual a função paterna está ausente ou fragilizada. Como trabalhar em condições tão precárias?
Desnecessário dizer que não há fórmulas mágicas, nem regras. Apenas alguns princípios que podem trazer alguma luz em tão densa escuridão.
Princípio da responsabilização
O toxicômano busca um gozo pleno e sem entraves, em que o sujeito se vê arrebatado por impulsão irrefreável. Trata-se, porém, de gozo mítico, de realização impossível, cuja tentativa de efetivação, como foi dito, culmina com a morte. Tal procura do toxicômano é coerente com sua estrutura enquanto sujeito.
Um problema sério, que se constata com frequência, é a sintonia do toxicômano com esse tipo de busca. O que, de outra forma, pode assim ser dito: não há demanda de tratamento. Aspecto que, aliado à gravidade dos casos, traz conotação dramática (ou trágica) para o contexto.
A primeira tarefa, então, é a construção de uma demanda de tratamento. Demanda que, de início, vem do Outro social, com o qual o toxicômano comumente está rompido.
Para a ética da psicanálise todo ato tem consequências e o sujeito é sempre responsável. A responsabilização do sujeito é decisiva, quando se pretende retirá-lo da condição de vítima, e situá-lo como autor das consequências de seus atos.
A responsabilização consiste, entre outros aspectos, em interpelar o toxicômano como sujeito, em implicá-lo subjetivamente, em comprometê-lo, em confrontá-lo com a realidade factual. Responsável é aquele que responde.
A demanda de tratamento ocorre quando, mais do que satisfação por meio da droga, ele procura alívio para o seu sofrimento.
Princípio da abstinência
É o contraponto da gula do supereu. Se a satisfação aumenta a sua voracidade, a privação pode reduzi-la. Eis o princípio da abstinência. Para saciar a fome do supereu, é melhor não alimentá-lo.
Os Alcoólicos Anônimos sabem disso, conhecem isso muito bem. Está erigido como um de seus princípios: “Evite o primeiro gole”. Claro! O primeiro gole não sacia, aumenta a exigência de beber!
Os Alcoólicos Anônimos também sabem muito bem que reduzir a bebida é impossível, mas, deixar inteiramente de beber, não. Novamente, é o princípio da abstinência.
E tudo regado com boa dose de perseverança… “O importante não é não cair nunca, mas levantar cada vez que se cai”.
Princípio da compensação
O sujeito é sempre feliz: ou goza da pulsão, ou goza da renúncia. Como brinca Miller: ou goza de comer marmelada, ou goza de não comer marmelada [12].
O que quer dizer: a renúncia também traz satisfação. E é importante apontar para essa possibilidade, no momento adequado. A satisfação aumenta com o tempo de abstinência: outro fator a ser considerado.
Voltando aos Alcoólicos Anônimos, tal princípio é regulamentado por eles por meio de prêmios e promoções, numa perspectiva comportamental que tem certa eficácia.
Na orientação lacaniana, o princípio da compensação é utilizado pelo trabalho da análise.
Princípio da idealização
Na época de Freud, o insuportável da falta era aplacado por meio de ideais. Na época atual, os ideais entraram em queda livre. O insuportável da falta passou a ser tratado pelo gozo —por exemplo, o gozo consumista. Um dos efeitos colaterais dessa mudança é o aumento dos toxicômanos, ou mesmo o que tem sido denominado toxicomania generalizada.
No tratamento de toxicômanos observa-se que alguns casos abandonam as drogas quando se aferram a algum ideal: por exemplo, ideal religioso.
Tal solução é desde muito reconhecida. Karl Marx considera religião o ópio do povo e Freud compara seu efeito ao de um poderoso narcótico [13].
O que a religião e a droga têm em comum? A possibilidade ou a tentativa de aplacar a falta. O ideal religioso, assim como outros ideais, serve para tal objetivo, com a vantagem de não ser tão destrutivo.
É uma solução, não-analítica —é claro, mas que não deve ser desprezada.
Princípio da nominação
Já foi dito que a época contemporânea é de declínio do pai, e que no toxicômano há ausência ou fragilização da função paterna. Há um tipo de suplência que será agora considerada.
Trata-se de uma forma de nominação, designada por Lacan como nomear para. Nomeação rígida, que procede do social e que enquadra o sujeito numa ordem de ferro[14]. Uma espécie de retorno do Nome-do-pai no real, o que também já foi designado como cunhagem (coinçage). “Você é, para sempre, um alcoólico”. “Você é um toxicômano”. E assim por diante. Tal nominação constitui um tipo de suplência do Nome-do-Pai ausente ou fragilizado.
O mesmo efeito pode se dar quando o sujeito passa a integrar instituições rígidas, tais como certas organizações religiosas, policiais, militares, jurídicas, políticas, nas quais recebe a referida nominação.
Novamente, trata-se de solução não-analítica, mas que deve, analiticamente, ser considerada.
Princípio da suplência
É uma constatação: muitas vezes a droga funciona como suplência para a falta forclusiva. A experiência clínica mostra que a abstinência pode desencadear ou tornar manifesta uma psicose até então mascarada. O que é coerente com o que vem sendo dito: a droga inserida numa série onde se coloca o ideal, a nominação por cunhagem, ou ainda, a metáfora delirante, a obra, o sintoma.
Não basta verificar o prejuízo e os riscos da toxicomania; é preciso considerar, também, o seu propósito, a sua função. Isso é imprescindível no cálculo de uma clínica de tais casos.
Ironicamente, poderia ser válido afirmar, diante de certos exemplos clínicos, que a toxicomania está a serviço de uma redução de danos.
O mínimo que deveria ser confirmado é isto: tratar o toxicômano não é fazê-lo abandonar a droga. É algo mais complexo. Na medida em que a droga aplaca alguma falta, é necessário que outro recurso cumpra esta função. Caso contrário pode acontecer —na melhor das hipóteses— uma recaida.
Não é o analista que cria a solução: é o analisante. Somente ele. E nem sempre a consegue.
O papel do analista, por conseguinte, não é fazer o que o analisante não faz. Pelo contrário, isso é o que sempre fizeram por ele… O papel do analista é discreto, mas perseverante.
Freud observa que a razão não tem poder, em comparação com a pulsão. Não obstante, há algo de peculiar nessa fraqueza. A voz da razão é suave, mas não descansa, enquanto não consegue audiência. Esse é um dos poucos pontos em que se pode ser otimista a respeito do futuro da humanidade [15].
Foram elencados alguns princípios particularmente importantes nos casos de toxicomania. Não foram mencionados outros princípios analíticos válidos para todos os casos.
Belo Horizonte, 29 de novembro de 2016.
Bibliografia sugerida
Leitura resumida:
Barreto, F. P. (2010) A lei simbólica e a lei insensata (Uma introdução à teoria do supereu). In: Ensaios de Psicanálise e Saúde Mental. Belo Horizonte: Scriptum.
Leitura avançada:
Naparstek, F. y colaboradores (2006) Introducción a la clínica com toxicomanía y alcoholismo, p. 52. Buenos Aires: Grama Ediciones.
NOTAS
[1] Barreto, F. P. (2010) A lei simbólica e a lei insensata (Uma introdução à teoria do supereu). In: Ensaios de Psicanálise e Saúde Mental, p. 203. Belo Horizonte: Scriptum.
[2]Lacan, J. (2009) O Seminário. Livro 18. De um discurso que não fosse semblante (1971), p. 84. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
[3] Barreto, F. P. (2010) Op. cit., p.198.
[4] Freud, S.(1974) O mal-estar na civilização (1930) (pp. 151-152). ESB, Vol.XXI. Rio de Janeiro: Imago.
[5] Barreto, F. P. (2010). Op. cit., p. 201.
[6] Lacan, J. (1999) O Seminário. Livro 5, op. cit., p.167.
[7] Lacan, J. (1995) O Seminário. Livro 4, op. cit., p. 429.
[8] Lacan, J. (1998) Variantes do tratamento padrão (1955) (p. 362). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
[9] Barreto, F. P. (2010) Op. cit., p. 200.
[10] Barreto, F.P. (2010) Idem, p. 202.
[11] Laurent, E. Trois remarques sur la toxicomanie. In: Quarto (69-72), n. 42, dec. 1990, Bruxelles.
[12]Miller, J.-A. (1991) Lógicas de la vida amorosa, p. 56-57. Buenos Aires: Manantial.
[13]Freud, S. (1968) El porvenir de uma lilusión (1927). In: Obras Completas, Volumen II, p. 95.Madrid: Editorial Biblioteca Nueva.
[14] Mazzuca, R., Schejtman, F. y Zlotnik, M. (2000) Las dos clínicas de Lacan. Introducción a la clínica de los nudos, c.IV. Buenos Aires: Tres Haches.
[15] Freud, S. (1974) O futuro de uma ilusão. Op. Cit., p. 68.